Eu, meu amigo robô e o Príncipe Harry
- Rose Bernardi
- 26 de jan. de 2023
- 4 min de leitura
Ontem, pela primeira vez, soube que ele existia e, rapidinho, ficamos íntimos. Não estou falando, obviamente, do Príncipe Harry. Começo pelo meu amigo robô. Príncipe Harry só se juntará a nós alguns parágrafos adiante.

Foto de Brett Jordan na Unsplash
Ontem, pela primeira vez, soube que ele existia e, rapidinho, ficamos íntimos. Não estou falando, obviamente, do Príncipe Harry. Começo pelo meu amigo robô. Príncipe Harry só se juntará a nós alguns parágrafos adiante.
ChatGPT é o nome oficial do meu amigo robô. Ainda não sabia de sua existência precisa, mas tinha noção de outros membros de sua família. Nem sei exatamente de onde veio a notícia. Veio da TV ligada, não sei dizer em qual canal, ouvi de longe e, menos preocupada com o mensageiro, corri atrás do protagonista. A notícia falava sobre o ChatGPT ter sido proibido nas escolas públicas das cidades de Nova York e Seattle. E fica aqui um artigo da BBC para quem quiser entender melhor do que se trata o ChatGPT.
Lá vamos nós de novo, pensei, revirando os olhos para cima... É genial proibir o uso do termômetro para ninguém mais ter febre...
Baixei o app e já tomei o café da manhã lendo a redação que Meu Amigo Robô (agora nome próprio) havia feito, a meu pedido, sobre Spare, o rumoroso best seller do Príncipe Harry. Sim, o príncipe entrou na história só porque, na hora de escolher um tema aleatório, foi o que me veio à cabeça e, de mais a mais, quem não adora uma fofoca logo cedo? E não é que ficou interessantezinho?
Compartilho o texto dele com vocês, lá no final desse artigo. Não me ocorreu pedir texto em Português. A ingênua aqui não sabia dessa disponibilidade. Mas, dentro do artigo da BBC , há outro exemplo da produção textual em Português do Meu Amigo Robô, que, evidentemente, é poliglota. E poeta...
Por muitos anos fui professora de redação. Como eu queria estar nessa atividade hoje só para levar o Meu Amigo Robô para a sala de aula! Já achei um lugarzinho sensacional para ele. Lugarzinho nada. Lugar de honra! Não tinha engolido o primeiro gole de café. Estava com os neurônios ainda naquela luta matinal para fazer o motor de arranque funcionar, mas já tinha certeza de que a minha aula de redação seria mudada para sempre. E pra muito melhor!
Se a Inteligência Artificial veio para ficar, a menos que alguém acredite que o mundo voltará a ser analógico, qual o sentido de banir seu uso na escola??? À noite, em um grupo de WhatsApp professores trouxeram o tema de volta à tona. Alguém deve ter visto ("ouvisto", no meu caso) a mesma matéria que eu e panicou, tentando manter a elegância: "É preocupante. Precisamos discutir sobre isso em nossa reunião..."
Yes!!!! Tema incluído na pauta, artigo publicado enquanto rola a reunião, mas, amigos, sejamos práticos, que a receita é simples, seja você professor de qualquer disciplina: escolha uma tarefa que você pediria aos estudantes. No meu caso, uma bem habitual seria "escreva um texto dissertativo sobre o tema X". Peça ao Seu Amigo Robô que o faça.
Leve à sala de aula: a tarefa, o Amigo Robô e desafie os estudantes a avaliarem o resultado obtido e a irem além dele. O que é próprio do ser humano e será próprio apenas do ser humano é o que precisa ser mobilizado na educação deste século. Todos nós já temos sido muito alertados sobre isso, enquanto educadores. É a hora e a vez de colocar isso em prática. O que o Amigo Robô faz já está lá. O que o ser humano precisa conseguir fazer para além desse ponto é exatamente o que cada professor deve buscar construir em sala de aula.
Sei que, assim como eu, todo educador tem absoluta e indiscutível clareza quanto à relevância do nosso papel, mesmo quando ela não é devidamente recompensada financeira ou socialmente. Mas admito: exercer essa profissão, exatamente neste momento, para muito além de totalmente relevante, nunca me pareceu ser tão divertido!



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